segunda-feira, 21 de abril de 2014

Noite

É pela noite que me descubro.
Não consigo saber porquê
E se calhar também não quero saber.
No entanto, nenhum cansaço faz parar
A minha involuntária procura pela explicação.
Por vezes acredito que essa explicação esteja nas estrelas.
Essas apenas se mostram visíveis pela noite (tal como eu me descubro só pela noite)·
E só à noite é que elas vêm trazer
Um pouco do seu brilho, um pouco da sua beleza,
Um pouco da magia cintilante que transmitem
Para a profundeza dos nossos olhos.
Ah, e eu, neste momento, sinto-me uma estrela!
Perco-me nestas letras que escrevo pela noite,
E para mim, esta é a magia cintilante que transmito.
Pode não ser bela como uma estrela,
Pode não brilhar como uma estrela,
Mas é, certamente, a magia que eu consigo transmitir
Para os vossos olhos que lêem a minha poesia.
E assim aqui estou, a delirar.
Sinto o suor a escorrer pela minha face
Ao libertar toda a euforia que há em mim,
Sinto arrepios fortes que me fazem escrever
Cada uma destas letras prematuras que escrevo!
E escrevo, risco e escrevo por cima.
Penso.
Transmito.
E faço magia como uma estrela.
Mas nunca chego à excelência de brilhar!
E é mesmo assim que encontro o fim deste desabafo,
Sendo obrigado a parar de escrever.
Não por falta de vontade, mas porque é noite,
E quanto mais noite fica, mais eu me descubro,
E mais eu entendo que por muito que escreva,
Acabarei sempre por ser uma estrela
Que transmite magia para os vossos olhos.
Mas entendo também que nunca serei a lua!
Nunca serei capaz de iluminar a noite mais escura como a lua,
E de ser o mais brilhante no meio das estrelas.
Sou apenas mais uma vulgar estrela no céu escuro
Igual a todas as outras.
E, mesmo assim,
Só serei uma estrela capaz de transmitir a “magia cintilante” que faço,
Enquanto não vierem as nuvens
Para tapar o meu brilho
E para me impedirem de transmitir esta magia
Que irradio para os vossos olhos através de palavras
Durante esta longa noite!


                                                                                                              Zé Pedro Ribeiro
                                                                                                              16/04/2014

Sem comentários:

Enviar um comentário