domingo, 27 de abril de 2014

Inquietação

Acordo de manhã e algo não bate certo.
Algo não está no seu lugar.
Um pequeno desassossego causa um nervosismo que faz tremer os sentimentos.
Levanto-me.
Olho pela janela e tudo parece estar igual.
Mas então porque tremo eu?
O dia nasceu, a chuva cai, o vento sopra e logo pela noite a lua virá trazer as estrelas.
Mais uma vez me pergunto:
Se tudo está normal, de onde vem esta inquietação?!
No meio de toda esta tempestade de pensamentos que me abraça o espírito eu vou a outra janela.
Talvez nesta algo esteja diferente e seja capaz de me justificar esta assustadora ansiedade que me persegue… Mas não!
Mais uma vez, tudo está normal.
Limito-me a pegar num copo de água, quem sabe este líquido tão natural me trará alguma calma… Mas de novo falhei.
Sinto-me fraco.
Sinto-me reles.
Sinto-me a desesperar.
O que poderei eu fazer para parar com esta decadência?!
E no momento em que levo as mãos à cabeça e solto um grito rompante apercebo-me…
Apercebo-me que somente eu estou inquieto.
Bebo mais um gole d’água, olho de novo pela janela e simplesmente sigo.
Sigo porque só me resta seguir.
Assim, no caminho para mais um dia percebo que, efectivamente, tudo está igual.
Tudo está normal e sereno.
E que, no fim de contas, eu é que sou a tão vil e infecunda… Inquietação!


                                                                                                Zé Pedro Ribeiro
                                                                                                01-04-2014

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